Visão, de Rejane Cantoni

VISÃO

VISÃO é uma instalação imersiva e interativa, uma obra site specific desenhada para a fachada do Capela do Morumbi / Museu da Cidade de São Paulo.

Do lado de dentro da capela, o escuro total. Do lado de fora, a instalação é composta de uma enorme superfície de espelhos inclinados para ver o céu. A ideia é oferecer aos visitantes a oportunidade de experimentar o museu além dos limites de sua arquitetura.

VISÃO se propõe a enquadrar e distorcer a percepção que o visitante tem do museu. Do lado reflexivo, a instalação responde à paisagem do entorno, cria uma relação fluida com o ambiente circundante, seus habitantes, seus usos; absorve e reflete o céu. Do lado não reflexivo, atrás da superfície de espelhos, a capela permanece aberta, mas escura e vazia.

Em VISÃO, museu e capela são conceitos. A instalação é um truque óptico. Tem a função mágica de desaparecer e fazer a arquitetura desaparecer. Tem escala para quem passa de carro e para quem
vai ao museu a pé. Não há um momento único para ver este trabalho. Fora do museu, cada variação oferece algo novo. À noite, luzes se refratam para criar um universo de estrelas. Durante o dia, o céu
se transforma em pedaços de azul fragmentados por nuvens. Dentro do museu, o tempo de permanência altera a observação do espaço. Não há perspectiva fixa ou interpretação correta. Cada experiência desta instalação viva é única.

VISÃO funciona como um dispositivo óptico, uma experiência interativa.

Para quem vai ao museu a pé, o dispositivo tem a função de provocar a experiência visual de adaptação ao escuro. A transição da visão diurna para a visão noturna, que envolve a dilatação das pupilas e o ajuste da retina, é um fenômeno temporal. Quanto mais tempo o visitante ficar na capela, mais ele a verá.

Para que serve um museu? Para que serve uma capela?

Todos nós temos uma visão mental e cultural de um museu e de uma capela.

VISÃO reconfigura a Capela do Morumbi / Museu da Cidade de São Paulo em dispositivo que reflete o entorno, o céu, e convida à interiorização do fenômeno visual. Sujeito e objeto, obra e reflexo, interior e exterior, claro e escuro, arquitetura e miragem, o psicológico e o físico; na instalação, cada uma dessas forças de oposição é mantida em tensão constante.

VISÃO reconfigura a arquitetura do museu como uso. Como olhos da terra virados para o céu, a instalação puxa a paisagem e a reflete de volta; a obra e o museu capela se tornam um dispositivo de enquadramento, uma câmara de eco visual que reflete, infinitamente, tanto o sonho da natureza como um estado puro desabitado e a busca de entendimento do aparato perceptivo humano e suas construções físicas e culturais.

Um desafio ou motivação técnica do trabalho é a exploração de dispositivos ópticos alternativos. Os objetivos são pesquisar e desenvolver estéticas e dispositivos de comunicação que considerem as capacidades perceptivas e cognitivas do interator.