Não se pode negar que a capital paulistana é absolutamente polifônica, polissêmica, polimórfica, polirreligiosa, multicultural, multiétnica, diversa, plural e a profusão de ideias que por ela circula impede, por sorte, a adoção de uma perspectiva única sobre sua identidade. Há nela um sem fim de narrativas que se imbricam, numa disputa – muitas vezes nada pacífica – por espaço, hegemonia, visibilidade e até mesmo por direito à dignidade.
Em virtude disto, é fundamental promover a interlocução acerca de vários temas que constituem a cidade, tanto do ponto de vista material quanto da perspectiva das ideias que a nutrem. Afinal, a forma como se conta e entende a história, e as significações que se atribuem aos seus fatos e personagens, modelam as pessoas ontológica e sociologicamente. Por outro lado, essa mesma história, que se debruça sobre o passado, permanece viva nas possiblidades multiformes de ressignificação que os embates da vivência prática e política podem ocasionar.
Desta forma, os museus, como estrutura geradora de conhecimento, e em seu locus de intermediário na construção social, devem balizar suas práticas nas comunidades em que estão inseridas, possibilitando que elas rememorem quem são e, com isso, criem as bases para o que desejem ser. Não é à toa, portanto, que o Museu da Cidade de São Paulo tem como missão “gerar, sistematizar e socializar o (re)conhecimento sobre a cidade de São Paulo, fomentando a reflexão e a conscientização de seus habitantes e visitantes, visando à transformação e o desenvolvimento da sociedade”.
Destarte, o Museu da Cidade de São Paulo, por intermédio do seu Programa Diálogos no Museu, procura efetivar sua missão convidando diversos atores do cenário paulistano para exporem seus fazeres e estudos, desnudando, com isto, os diferentes caminhos que o pensamento pode percorrer. Não se pode esquecer que, quanto mais elementos se tenha, maiores as chances de que sejam acertadas as ações derivadas delas – principalmente quando se usa como referência a dignidade da pessoa humana e as proposições éticas do bem comum.
Nesta edição, trazemos como convidadas Elisa Lucas Rodrigues, Secretária Executiva Adjunta de Promoção de Igualdade Racial da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, e Naiza Bezerra dos Santos, Especialista em Assistência e Desenvolvimento Social, integrantes da Coordenação de Promoção da Igualdade Racial (CPIR), órgão pertencente à Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC). Elas nos honrarão com seus acréscimos à fundamental – e sempre presente – discussão acerca do racismo estrutural, apresentando também as ações que o poder público adota no enfrentamento das diversas manifestações do racismo. Afinal, uma sociedade só será efetivamente próspera quando conseguir estabelecer relações baseadas em igualdade, justiça, dignidade e respeito a todos os cidadãos que nela são e existem.
Danilo Montingelli
Coordenador Geral
Programa Diálogos no Museu da Cidade
Link do evento: https://www.youtube.com/watch?v=5EGNX3JFVzM